28 de janeiro de 2007

Miserere mei Deus.

É linda. Simplesmente perfeita. Para ouvir durante todo o dia e descobrir até onde pode chegar a voz humana; apesar de esta ser menos dos homens que dos anjos.

É de Allegri, Gregorio Allegri, italiano. A letra na verdade é o Salmo 5o. Fico imaginando a experiência que deve ser ouvir uma interpretação desta obra que foi criada há quase 400 anos para as manhãs da Semana Santa na Capela Sistina.

Já deve ter inspirados muitos desde então.

Notícia velha.

Eles de novo. Desde 2001 que é permitido gastar um "extra" que faria muito estômago de brasileiro sentir a satisfação proporcionada por comida durante um ano inteiro.

E mais uma vez, somos cúmplices. @ Diário do Nordeste.

"A verba indenizatória é salário, todo mundo sabe que é. Tem parlamentar que usa a consultoria, outros dão voltas e voltas na Terra com tanto combustível", Ezequiel Nascimento, presidente do Sindicato dos Servidores do Legislativo.

Hilário e triste ao mesmo tempo.

24 de janeiro de 2007

Tome!

Segura essa Macaco Tião, digo, Bush:

"Nós amamos este país. Mas verdadeiro patriotismo não consiste de bravatas e calúnias. Reside na extrema fé em nossos ideais constitucionais. Nós somos uma república, não uma monarquia. Nós acreditamos no estado de direito, não em prisões secretas. Nós insistimos na justiça para todos, não privilegiada para poucos. Em repudiando estes ideais Americanos, o governo de Bush põe em desgraça América e danifica nosso clamor por liderança democrática pelo mundo.

Vai demandar muito trabalho para desfazer este dano. Vai ser ir além de derrotar a dura direita nas urnas. Nós devemos nos engajar em grandes atos de imaginação política e inspirar uma nova geração para assumir princípios liberais e adapta-los com engenho para um novo século."

em Bruce Ackerman and Todd Gitlin

8 de janeiro de 2007

Mulheres do Ceará.

Quero fazer uma breve, entretanto triste, comparação de duas notícias que semana passada saiu em distintos territórios e respectivos meios de comunicação, e que dividem um aspecto em comum e outro não. Após, baseado nestes básicos dados, compartilhar um raciocínio com meus prezados assistentes.

Primeira notícia: no ano de 2006 no Ceará foram assassinadas 135 mulheres (clique). Segunda notícia: no mesmo ano na Espanha foram assassinadas 70 mulheres (clique). Dados para aumentar a distância: a população do Ceará é de 7,5 milhões (clique) e da Espanha é de 44.108.530 (clique). São dois conjuntos de números referentes aos mesmos dados: morte violenta de uma parcela de uma população(mulheres) e estas populações(Ceará x Espanha).

Sem necessidade de acudir para porcentagem para reforço de argumento, apresento uma breve opinião. Creio que neste caso os números cobrem de indignidade nossa sociedade, não apenas a cearense, frente à Nação e seus Estados, todavia, inflige maior vexame na alencarina, pois que valores teriam mais relevantes uma sociedade que não protege suas mães, esposas e filhas? Que qualidades maiores têm estes valores que os façam sobrepor qualquer discussão destes números indecentes? Quantas mulheres mais precisam morrer no Ceará para que as manchetes dos meios local e alhures detenham qualquer outra atividade com o intuito de dedicar especial atenção para este problema que é real e sem volta? Admito que esta vergonha não nos converte em cúmplices, mas o contrário também pode encontrar defesa. O ideal seria uma "atitude externa de desconforto" dos cearenses, clamando para si a voz das mortas e, através disto, fundados nas principais ferramentas legais existentes(Declaração Universal dos Direitos Humanos e Constituição Federal brasileira), serem protagonistas de um movimento político fundamental para situações desta amplitude, um movimento constitucional, na visão de Bruce Ackerman. Abdicar esta ação seria continuar como um verme sobre o fio de uma navalha.

Não pretendo generalizar nem ser apocalíptico, mas também não consigo "despojar minhas palavras de esse apaixonado sentimento de humanidade e de essa indignação ante a injustiça que dão força a muitos escritos...", como escreve Robert Dahl. Ressalva posta, creio que este elemento é mais uma absurdo constitutivo presente no seio de um Estado fraco e ineficaz, com instituições cambaleantes e inócuas. Desejaria que nenhum setor tome para si um manto de culpa, mas sim todos, indiferentes de casta, pois mães, irmãs, esposas e filhas temos todos, sejam do Ceará, do Acre, do Goiás, do Espírito Santo ou do Paraná. Em outra ocasião trouxe um texto de Marco Aurélio Weissheimer, comentando um livro de Luís Mir (clique), e pus:

"Sigamos! Com nossa novela, Copa do Mundo, banda larga, revista; Com nosso jornal, bbb, cartão, 8 anos, hexa. Morram eles, expirem eles, agonizem eles, maldigam eles. Sigamos aqui, eles lá. Enquanto eles morrem em silêncio, nós seguimos em arruaça. Acreditando naquilo que lemos e não lendo aquilo que acreditamos".

Aqui posso repetir o texto, pois a idéia de Luís Mir permanece: temos uma guerra civil em nosso país, e acrescento que não a vemos por que não nos mostram! No texto de Weissheimer o pato da vez é a população carcerária, e vos digo: entre ou estar em uma cadeia no Brasil ou ser uma das 135 mulheres que pereceram me paira uma dúvida. E a latência da sociedade também se repete neste caso. Embora, tanto para as mulheres vítimas de violência quanto para os presidiários, exista setores organizados da sociedade que prestam um mínimo de atenção para aqueles.

Em determinadas situações como estas fica evidente o que chamamos de "ausência do Estado". Mas não é o apenas o Estado que está ausente, é sua sociedade. Não é que a Polícia Militar ou Civil do Ceará falharam para prevenir e evitar estas mortes: culpar estes órgãos não é atitude responsável e que caminhe mais de 5 minutos. Tampouco repousa apenas nos dirigentes políticos a responsabilidade ampla, embora a política possa estar presente. A sociedade é a matriz de todos estes sujeitos e, ao mesmo tempo, a responsável pelo acompanhamento de suas funções. Suas instituições os canais para exercer este acompanhamento. Talvez exista alguém capaz de enumerar todas as instituições que devem defender a mulher no Brasil, entretanto nenhuma delas se fez presente de maneira eficaz para evitar as 135 falecidas. Não se pode repensar este Estado a partir de seus ramos filiais. O problema está abaixo da terra, nas raízes do Estado, em sua constituição e Constituição. E para tão arraigados fundamentos, diferente não pode ser sua discussão e reparo. Por tal motivo, finalizo aqui. E trago Terral, de Ednardo: " Aldeia, Aldeota, estou batendo na porta pra lhe aperriá/Pra lhe aperriá, pra lhe aperriá/Eu sou a nata do lixo, eu sou o luxo da aldeia, eu sou do Ceará"

Dedico este humilde texto as 135 mulheres assassinadas no meu Estado em 2006.

17 de dezembro de 2006

Faça sua parte.

Não gostou do aumento dos Deputados Federais? Aqui uma oportunidade para dizer isto para eles:

http://www2.camara.gov.br/internet/faleconosco?

Capriche!

15 de dezembro de 2006

Representantes?

Vamos fazer um infantil exercício. Qual deputado federal você votou nas eleições de 2002? Você conhece cinco votos positivos e cinco votos negativos deste seu deputado em relação às posições de suas expectativas ao referido parlamentar? No caso dos votos negativos, você tomou alguma iniciativa de comunicar-se com o gabinete do seu deputado em Brasília para informar da contrariedade de posição que o deputado tomou? Da mesma forma, você, alguma vez, manifestou apoio para seu parlamentar quando ele tomou uma posição mais difícil de ser tomada? Você enviou algum tipo de sugestão ou crítica positiva o tal? Se você fez isto, recebeu alguma resposta, debateu, discutiu ou manteve a comunicação com o seu deputado? Se você tiver respondido "não" na segunda pergunta, caso que me incluo, ou se ele não foi eleito, você pelo menos acompanha os demais parlamentares eleitos pelo seu estado? No pior dos cenários, acompanha os parlamentares alinhados com as suas posições na perspectiva nacional?

Todo este pueril exercício para perguntar: temos realmente representantes no nossa Câmara Baixa do Parlamento? Ademais de um aumento desproporcionado a inflação do período, sem comentar seu valor final absoluto, este Parlamento que teremos em 2007 vai estar representando quem? Segundo dados do IBGE(http://www.ibge.gov.br/brasil_em_sintese/), nossos límpidos homens pertencem a parcela mais alta de renda da população, 0,8% das pessoas ocupadas, que recebe mais de 20 salários mínimos(65 SM eles vão receber por mês, considerando já o SM de R$367,00). E as três primeiras parcelas juntas(até 1/2 SM, de 1/2 a 1 SM e mais de 1 a 2 SM) são em torno de 60% da população com ocupação no Brasil. Se você somar aqueles que recebem de 2 a 3 e os sem renda, teremos 80% das pessoas ocupadas.

Cada país tem o parlamento que merece. Melhor momento para reivindicar-nos um parlamento respeitável não poderia haver. Com a força demonstrada pela internet neste último pleito eleitoral, conduzir um movimento similar neste momento não é mais que nossa obrigação. Se eles não têm vergonha, nós deveríamos ter por aceitar 60% de nossos semelhantes sub viva com R$367,00, trabalhando mais de oito horas diárias, em uma realidade para laborar bem distinta a dos escuros túneis acarpetados de Brasília.

24 de novembro de 2006

Exemplo.

Escrevi o post Definitiva, que está logo abaixo, fazendo crítica a categoria dos jornalistas, determinados e conhecidos nomes por certo, da mídia nacional. Agora, tenho que fazer uma crítica a categoria profissional que pertenço. Fiquei triste e envergonhado com os fatos acontecidos nas eleições para a OAB-CE. Estou a uma distância tremenda do Náutico, local onde foi realizado o pleito. Tomei conhecimento da notícia através de uma ex-aluna da Unifor, por um correio eletrônico, um dia depois do ocorrido. Logo, busquei outras fontes para tentar por clareza naquilo que estava ausente. Daí, veio a tristeza. Saber que parte de nossa classe profissional sofreu, ou cometeu, agressão física.
Já não somos um país que nascido ontem, não somos selvagens, somos donos de um mínimo de cultura de convivência, donos de uma bagagem de civilização. Já não precisamos assassinar uns aos outros para extinguir uma oposição política. Enfim, nossa sociedade já detém um conjunto de diversos fatores que está dentro de um padrão aceitável. Assumido isto, nós que formamos a OAB-CE temos origem neste universo. Daí, essa ordem profissional deve ser exemplo por meio de seus preceitos, tal qual seu Estatuto. A arma que um advogado deve bradar é sua oratória. Se não tiver esta virtude ciceroniana, que tenha a virtude da palavra escrita: quando cerrar o punho que seja para pegar sua pena. Se lhe faltar ambas virtudes, a sua atitude profissional ofusca, oxalá com maior eficácia, as anteriores. Agora, o que um advogado não pode é partir para agressão física, pior ainda quando sabe ser sua vítima outro advogado; muito menos, permitir que pessoa sob sua responsabilidade cometa agressão contra outro advogado.
A OAB-CE teve em sua história advogados que foram exemplo de civilidade e honradez profissional. A OAB-CE tem, agora conjugo no presente, advogados que me orgulharei, pelo que tenho de vida pela frente, do fato de compartilhar com eles o mesmo epíteto. Para mim, advogado e professor são instituições sagradas para qualquer país que tenha pretensão de civilização. Por estes motivos, alguns cegos não vêem que a ausência de vocação não é motivo para perder a urbanidade. Ademais, deveriam respeitar a memória daqueles que se foram e nada podem fazer contra este tipo de destempero na aglomeração que pertenceram. No outro extremo, pior ainda: que infelicidade devem ter sofrido os neófitos que estiveram no Náutico e viram o infortúnio? Quantas dúvidas ressoaram, ou ressoam, nas mentes destes jovens advogados ao presenciar seus presumidos exemplos de profissão trocando aptidões do pugilismo?
Enfim, minha infinita tristeza está além da capacidade de minha limitada retórica. Para os meus verdadeiros afins, rogo que levem ainda mais respeito para nossa Ordem. Levem o máximo de compromisso dentro suas capacidades para prostrar o miúdo exemplo de advogado que alguns insistem em dar. Para as pessoas que não fazem parte de Ordem, rogo vosso perdão.

Difícil decolagem.

Em um país repleto de limitações institucionais, recheado com uma sociedade das mais desiguais que existe sobre a face do globo terrestre,...