15 de dezembro de 2006

Representantes?

Vamos fazer um infantil exercício. Qual deputado federal você votou nas eleições de 2002? Você conhece cinco votos positivos e cinco votos negativos deste seu deputado em relação às posições de suas expectativas ao referido parlamentar? No caso dos votos negativos, você tomou alguma iniciativa de comunicar-se com o gabinete do seu deputado em Brasília para informar da contrariedade de posição que o deputado tomou? Da mesma forma, você, alguma vez, manifestou apoio para seu parlamentar quando ele tomou uma posição mais difícil de ser tomada? Você enviou algum tipo de sugestão ou crítica positiva o tal? Se você fez isto, recebeu alguma resposta, debateu, discutiu ou manteve a comunicação com o seu deputado? Se você tiver respondido "não" na segunda pergunta, caso que me incluo, ou se ele não foi eleito, você pelo menos acompanha os demais parlamentares eleitos pelo seu estado? No pior dos cenários, acompanha os parlamentares alinhados com as suas posições na perspectiva nacional?

Todo este pueril exercício para perguntar: temos realmente representantes no nossa Câmara Baixa do Parlamento? Ademais de um aumento desproporcionado a inflação do período, sem comentar seu valor final absoluto, este Parlamento que teremos em 2007 vai estar representando quem? Segundo dados do IBGE(http://www.ibge.gov.br/brasil_em_sintese/), nossos límpidos homens pertencem a parcela mais alta de renda da população, 0,8% das pessoas ocupadas, que recebe mais de 20 salários mínimos(65 SM eles vão receber por mês, considerando já o SM de R$367,00). E as três primeiras parcelas juntas(até 1/2 SM, de 1/2 a 1 SM e mais de 1 a 2 SM) são em torno de 60% da população com ocupação no Brasil. Se você somar aqueles que recebem de 2 a 3 e os sem renda, teremos 80% das pessoas ocupadas.

Cada país tem o parlamento que merece. Melhor momento para reivindicar-nos um parlamento respeitável não poderia haver. Com a força demonstrada pela internet neste último pleito eleitoral, conduzir um movimento similar neste momento não é mais que nossa obrigação. Se eles não têm vergonha, nós deveríamos ter por aceitar 60% de nossos semelhantes sub viva com R$367,00, trabalhando mais de oito horas diárias, em uma realidade para laborar bem distinta a dos escuros túneis acarpetados de Brasília.

Difícil decolagem.

Em um país repleto de limitações institucionais, recheado com uma sociedade das mais desiguais que existe sobre a face do globo terrestre,...