30 de novembro de 2009

Notícias da Concretolândia, (Concretoland Chronicles, para os bilíngües)

O apartamento queimou, o gerente endoidou e os preços estão em euro. Putz!

Chapéu-de-Couro, vulgo Pimpolhão Bonitão, terminou suas aventuras pelas gélidas terras de Mossoró. E nos diz:

- É muito bonito Mossoró, você vê os pardais voando, batendo uma asa e com a outra se abanando.

Fez parte, por dois dias, da cena cultural da capital do hotel das águas calientes. Conheceu poetas, escritores, bibliófilos, dono de famoso botequim e até a potiguar Miss Brasil, que não é a 2000, mas é a doismiu inove. Solenemente dispensada, pois atende pela mesma alcunha da finada. Faltaram na lista cordelistas e repentistas, mas a cidade como aquela não se consome duma vez. Que o diga Jararaca!


Logo, foi passear nas desmedidas salinas de Areia Branca, que, diga-se, pronta para um formoso embuste num fim de semana de veraneio, acompanhado de amigos beaujolais. Engôdo nas tripas não impediu aos seus ouvidos a chegada da prosa daquele gigante do sal. Mais de quarenta anos na labuta do cloreto mais essencial. Foram-se os homens. Deles, apenas doutros dependem a memória. Foram-se os lombos carcomidos, chegaram as esteiras inabaláveis. Curado pelo sumo do caju, o dia quase que realmente começou. Pode participar, já de maneira ativa, do resto da jornada.

Se o caju curou as tripas, os olhos foram premiados pelas marolas da beira-mar areia-branquense. O passeio chamou o homem à pesca, mas num pode este lançar anzol, já que de suas tralhas não tinha a companhia. Logo no Tirol, pensou ver alguma barcaça, mas não; tampouco saiam navios singrando para o horizonte, com marinheiros ignorantes do destino. Apenas um choque-choque das ondas nos moles e narrativa de douto filho.

A cidade de Mossoró é repleta de encantos. Apesar de calorosa, permanece arejada e conta com vistoso zelo. Casarões históricos ainda existem, com moradores, jardins, vizinhos, etc. Sem cara de persistir, apenas a frugal participação na vida da cidade. Respiram como fazem já há algumas décadas. Babinha de inveja escorreu da boca do cearense. 1326 é o número do encanto, desconhecendo o nome do logradouro.


Assim como existem estes diamantes arquitetônicos, outros de carne e osso têm maior valor. Peças que fazem das ruas de Mossoró artérias para circulação destas riquezas. Hilda e Zé Rodrigues são os nomes de algumas das peças mais antigas, esmerilhadas de boas memórias. Das mais moles, cepas de nome David e Arcanjo, trazem a certeza de fartura no futuro. Boas novas sempre virão do oeste potiguar. Todas, se escaladas em quilates fossem, não haveria arca no mundo para suas dimensões.

E estar no ar a pesquisa do ciclista Caucaia: qual o melhor time do futebol cearense?

A. Ceará
B. Icasa
C. Fortaleza.
D. Calouros
F. Ferroviário

Não vale colar. Por falar em duas rodas, hoje tem passeio biciclistíco e contamos com a participação de Chico Pezão.

Abs e boa semana. Gúdi uique!

6 de abril de 2009

De Epicuro à Stalingrado.

Escrita em 03.10.2006. Publicada 07 de abril 2009.

"É melhor ser infeliz racionalmente, que feliz irracionalmente", Epicuro.

Esta máxima, escrita há mais de dois milênios, transborda sua verdade até a realidade que cerca as sociedades com as bases consumistas do presente. Uma fortuna de meios materiais e econômicos que permite a estas sociedades um deleite de prazes corporais sem limites. A irracionalidade permite a felicidade e a razão traz a infelicidade, em uma visão diferente. E é, principalemte, através da história e da sociologia que se indaga até que ponto a irracionalidade tem que ir para garantir a felicidade fantasmagórica que se tenta vender.

A história faz seu papel muito além do que outras ciências são capazes. Como não há meios concretos de previsão do futuro, é pelo passado que se prevê e tomam-se as lições para o presente, e é disto que deve viver a história. E são em momentos críticos da humanidade, aparte nossa reconhecida fraqueza pelas guerras, como os conflitos entre nações que se pode absorver lições positivas e negativas para o presente, por que não futuro. E destes conflitos, aquele ainda fresco, pois foi cotidiano para duas gerações atrás, é a II Grande Guerra. E dentro deste, o desenrolar da frente leste foi o mais dramático. Na nossa sensibilidade, por dois motivos: pelo frágil caráter que já apresentava a extinta União Soviética e pela insanidade rotular que acompanha os gênios dos dois antagonistas: José Stalin e Adolfo Hitler.

4 de março de 2009

Março 2009.

O Brasil às vezes parece que não pára no tempo, mas sim, volta, atrasa. Anda para trás. Não crê?

José Sarney, presente na vida política de Brasília desde que o Sol ilumina, regressa mais uma vez à presidência da casa. Como beneplácito e voto de seus amigos e colegas senadores. Sua filha está a um passo de ser empossada como governadora do Maranhão, já que o governador eleito em 2006 foi cassado. Fica no cargo até findar opções de recurso. E o estado do Maranhão continua um dos mais pobres do nosso país.

O ex-presidente da República, extraído do cargo por motivos diversos, agora é o presidente da Comissão de Infra-estrutura do Senado. Além de ser senador, que já causa desconforto, o dito cujo cuidará de obras... licitações. Precisa de mais nada. Se você ainda estiver conseguindo ler isto, o último caso é um atestado de quase insolvência moral de nossa sociedade.

Um caso que causou muito consternação na cidade de Fortaleza, no longínquo ano de 1993, regressa aos jornais. O motivo não poderia ser mais triste. Em 28 de dezembro do referido ano, após uma discussão no trânsito, uma jovem, de nome Renata Braga, foi morta com um tiro na cabeça. Eis que, o presunto assassino, já foi julgado duas vezes. Ambos julgamentos anulados pelo Tribunal de Justiça do Ceará. Agora, com a segunda anulação, em 16 anos, o acusado será julgado pela terceira vez.

Assim, se não fosse por esta tela de LCD diante dos meus olhos, poderia pensar que ainda somos tricampeões do mundo de futebol. Que o ano de 1993 ainda não terminou, que Collor não voltará nunca mais a política, que a família Sarney irá para o ostracismo, já que em decádas no poder, não consegue desenvolver o estado que lhe elege anos após ano. E por útlimo, que o presunto assassino de Renata Braga não precisará de um 3º julgamento (porque não pensar em 4º, 5º, 6º ...) já que a estudante regressou para sua casa na noite de domingo, 28 de dezembro, e passará o fim de ano com a família.

2 de março de 2009

Comparações.


O venerado presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, foi a uma partida de basquete. Fotografado tomando um gole de aquilo que tem toda a aparência de ser cerveja. Nenhuma palavra escrita com maldade por aqui, tampouco por lá. O PIG não vê maldades nem escreve maldades imbecis quando o presidente é dos outros. Por que é cool um cara como o Obama tirar um respiro dos trabalhos da Casa Branca, em plena crise mundial, e passar duas horas vendo uma partida de basquete enquanto toma uma umas ampolas de diurético, parafraseando certo humorista tupiniquim. Se fosse o intolerável presidente brasileiro, o ex-metalúrgico, Luís Inácio da Silva, as legendas seriam algo entre pinguço e irresponsável. Já imaginou o Lulão indo num jogo do Corinthians em pleno domingo de tarde, no Pacaembu, tomando umas geladis? A república cairia no dia seguinte. Pelo menos esta seria a intenção dos golpistas. Mas como por aqui cada vez mais são menos os bobos, todos (84% é quase todos) compreendem que nosso mandatário, como qualquer outra pessoa comum, estaria desfrutando daquilo que muito de nós paramos por algumas horas durante a semana para ver: futebol. Assim que, PIG e afins, deixem de serem pós-colonial provincianos! Reconheçam o imenso país que surge de um contexto dilacerado por governos que vocês apoiaram! Ataquem o presidente quando quiserem! Mas desde que o seja baseado em fatos e com reportagens com um mínimo de profundidade. Toda democracia demanda uma imprensa livre, mas vocês demonstram não estar à altura da democracia que o Brasil e o continente sul-americano convivem há uns anos. Façam jornalismo. Não com os sem fim de mentiras, já que não se provam suas alegações, que contem suas manchetes golpistas.

Enquanto isto, imprensa internacional e blogues brasileiros para curar a azia.

10 de fevereiro de 2009

Umas perguntas.

Há quanto tempo o Sr. Battisti está no Brasil? Há quanto tempo está preso? Por que quando ele chegou no Brasil a Itália não iniciou esta pressão que hoje quer exercer? Porque a mídia brasileira só foi "descobrir" o Sr. Battisti há menos de dois meses? Onde estava toda esta indignação contra o dito terrorista antes dele receber a concessão de asilo político? Outra coisa... concedendo que o Sr. Battisti é assassino, porque permitimos que Alfredo Strossner, assassino de mais de 2000 paraguaios, tenha vivido sob nosso formoso céu, risonho e límpido do planalto central? Seria coerente extraditar o Sr. Battisti um Tribunal cuja cidade abrigou por longos 17 anos aquele ditador-assassino?

Vamos brasileiros, deixem de serem influenciados por uma imprensa que dita nossos valores e comportamentos! A experiência de independência de pensamento de uma imprensa tão maldosa é questão de saúde do indivíduo. Com tantas notícias insistindo que continuamos a viver numa república de bananas, acordaremos um dia pensando que somos macacos! O Brasil como eterno país do futuro deixou de existir, pois já o somos! Temos um país respeitado como nunca, já não nos reconhecem como potência regional, mas sim, como global. Pensamento positivo e coerência. Asilamos Strossner, asilaremos Battisti; nosso país seguirá soberano, pese desconforto da imprensa brasileira e italiana.

19 de janeiro de 2009

Errantes.

Prezados, este texto escrevi em Novembro de 2006. Estava salvo na página do blogue como rascunho desde então. Longe de saber qual sua conclusão, compartilho sem remendos. Qualquer comentário, por mais curto que seja, por favor, façam.

Nômades, os das primeiras exposições de história e vida social, foram e são. Em sua concepção clássica, aquela que se projeta na mente, se vê um grupo de homens, mulheres, crianças e idosos, em marcha. Ou estabelecido em uma aldeia rústica, de transparente caráter provisional. Alicerce frágil: estrutura débil, vacilante. Ontem, hoje e amanhã se confundem. Para eles, a falta de aprofundamento de suas fincas deriva do mesmo aspecto sazonal. Uma vez exauridos os recursos disponíveis (minerias, de fauna e flora), o agrupamento busca novos mananciais para suas necessiades.

O conhecimento adquirido - ou pela vigente geração, ou por passadas gerações através dos possíveis meios de cultura - será o guia para o líder da algomeração. Na confiança depositada nele, a massa segue o passo e confia. Através de tais conhecimentos o norte estará na mente do líder. A missão: encontrar um novo e exuberante sítio para estabelecimento e satisfação da turba. Caso contrário, a confiaça depositada ruge ou ruirá. A dinâmica social depende destas duas vias: a possibilidade da cabeça satisfazer o corpo e este garantir a continuidade do condutor. Rompida uma das vias, independente da direção, o ser social formado enfraquecerá, podendo até desaparecer. Pois outras cabeças e corpos anseiam e buscam novas interações e experiências. Todo com o mesmo propósito: a busca de novos mananciais e todo processo decorrente e acima exposto.

Aumentada a aglomeração, os segmentos decorrentes do inchaço ganham complexidade. O que antes tinha apenas duas vias, pode, então, encontrar no infinito a satisfação do prover e necessitar. Indiferente não é o aumento de complexidade e número para os condutores. Deles, não mais dele, se espera o exemplo, símbolo e baluarte. Como os frutos gerados aumentam, a ganância, latente fraqueza humana, brota e infecta. Para cada grupo social no comando, haverá um sem-número à infiltrar as relações e decorrentes estruturas.

O tempo transcorrido do empossamento, do atual, até o presente deveria ter trazido diferentes frutos para esta turba de cerca de 200 milhões. Vindo e reconhecido como do proletariado, Ele deveria ter agido de outra forma frente ao corpo que lhe deu, através do sufrágio, o poder de conduzir. E por que não agiu?

Por que ao encontrar a "Herança Maldita" não à entregou para um arauto fazer sua dissecação? Por que não enfrentou antigas e enraizadas chagas com o poder carismático, legal e legitimamente confiado? Por que não tangeu os seus para dentro dos currais os quais deveríam ter permanecido? Por que aceitou em sua turba rezes de outras origens? Por que conversou com quem antes lhe desejava o gládio? Por que atribuiu competências para incompetentes? Por que competenes ficaram sem competências? Por que falou? Por que deixou de falar? Por que, já que gosta tanto de futebol, ao ter a bola na marca do pênalti, recuou a dita para o goleiro? Por que, tendo a chave, se não a morça, não rompeu grilhões de seus semelhantes com a capacidade política que tinha? Por que, nas falhas de seus tribunos, não cometeu parricídio? Por que permitiu o patricídio? Por que deixou suas mulheres irem? Por que não educou? Por que não chorou? Chorar não seria de todo ruim. Por que não foi exemplo, símbolo e baluarte? Por que permitiu desvios do seu próprio sangue? Por que não deu sangue? Ficaria faltando só o suor. E, enfim, por que não convence que os outros 20 porquês são indevidos.

Não se busca aqui apresentar resposta, nem insinuar veracidade ou falsidade para as indagações. Mas são perguntas, aqui com limite, que teríam muitas para se acrescentar. Tampouco, não é possível negar que há um universo infinito de porquês para seus antecessores. De diferente forma não é para as segmentadas unidades da federação. Por suposto, de seus atuais e passados condutores.

O porquê que fica, persiste, martela, dobra, retumba, ressoa, perfura, esfacela, estripa é: por que todos se mostram iguais? Não foram poucas as oportunidades dadas pela turba para que se criasse um estadista para aquela. Mas não. Nenhum exemlpo para seguir e ensinar em cadeiras de ciência política, aulas de deontologia, conversas em mesas de bar; nos ares de São Paulo, Berkley, Londres, Tóquio, ou qualquer povoamento que se crie nos próximos mil anos. Nenhum Hamilton, Madison, Franklin, Washington, Clynton, Churchil, Augusto, Saladino, Lawrence. Quase nada, quase estéril. É como se não tivessem existido.

Os manaciais não devem servir ao líder da comunidade. Pelo contrário, deve ser buscado, gerenciado e cultivado para que todos usufruam, na medida de seus esforços e possiblidades. A ganância deve ser posta de lado. Ver que o acúmulo material significará escassez de condições mínimas para muitos. Ao realizar isto, de plena vontade, o homem se distancia daquilo que também lhe faz diferente dos demais animais: a capacidade de fazer o bem indistintamente para seu semelhante, sem insitintos, sem código genético ou comportamentos prévios que lhe guie. Fazer o bem para o semelhante pelo simples fato de ter a capacidade de escolha. De ter recebido tal capacidade, seja pela evolução, seja pela religião.

É um infortúnio da comunidade que a capacidade de escolha de seu condutor e o efeito gerado estejam separados por distâncias imensas. Deveras, efeitos se passam, vidas se vão e nada se conhece. Quantos Zés, Joaquins, Pedros, Marias, Graças, Flávias, pereceram pela escolha errada feita de alguém alhures que nunca conheceram. Quantos Ludovicos, Cristovãos, Sebastiões, Joãos, Wagners, Bernardos jazem no ressequido solo do Nordeste, sem nunca terem recebido um nome, muito menos uma vida digna, por luxos inominados. Nestes séculos, homens com Ele, poderiam ter criado uma verdadeira nação. Não no sentido beligerante, destrutivo. Mas uma nação heterogênea na origem, homogênea no fim comum. Que a capacidade de escolha e ações elegidas por seus condutores gerem efeitos construtivos, perenes e pronunciáveis na luz do dia. Que tais ações amaciem a pluma do travesseiro daqueles que têm o poder de escolher o norte para a comunidade. Uma cadeia mínima de escolha certa de ações teria gerado um hoje diferente.
Continua...

Difícil decolagem.

Em um país repleto de limitações institucionais, recheado com uma sociedade das mais desiguais que existe sobre a face do globo terrestre,...