Um comentário ao artigo de Eliane Cantanhêde, "É guerra!", sobre a "crise" boliviana, publicado na Folha de 2/5. Diz a Constituição Federal, art. 4º: A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Inúmeras foram as tolices e bravatas que abundaram na mídia eletrônica tratando do caso do decreto do presidente boliviano, Evo Morales. "É guerra!" foi a mais irresponsável e alienada encontrada e veio de ninguém menos que Eliane Cantanhêde, e na página 2 da Folha. Bem, já faz algum tempo que se percebe a linha presente naquele espaço jornalístico, não poderia ser diferente desta vez. Na coluna, a jornalista cita especificamente um produto que viria, ou vai, ser produzido pelo empresário Eike Batista, o mesmo que na crise do apagão do governo FHC firmou contrato de conto de fadas com o governo para a construção de uma usina termelétrica no Ceará, entre outras duas. Assim, é de se indagar se a jornalista, fora o talento com as palavras, também detém conhecimentos de siderurgia ou demais produtos da indústria de base. A outra alternativa é que tenha levantado a informação precisa daquilo que Eike vai produzir em solo boliviano. Desta forma, no caso da segunda hipótese, deve ter experimentado uma sensação de compaixão pelo infortúnio do empresário brasileiro. Pois bem, o citado contrato de Eike Batista traz uma cláusula que diz que a Petrobras (vejam só!) deve pagar por eventual falta de lucro da contratada. Pagamento este que ronda a casa dos R$ 2 bilhões agora, R$ 6 bilhões até 2007. Deveria ela lembrar de três coisas: Primeiro, a Petrobras, centro das atenções neste momento, "pode" vir a perder, estima-se, R$ 1 bilhão em conseqüência do decreto do presidente boliviano, prejuízo que ainda permanece na casa do "talvez", já que não se sabe o próximo passo das negociações. A mesma Petrobras que vai cobrir o buraco de bilhões do empresário, salvo sejam alterados os contratos Petrobras-Eike, por um produto não-servido. Flores e silêncio Segundo, tanto Brasil como, principalmente, Bolívia são nações historicamente vilipendiadas pelo capital ao longo de cinco séculos. As grandes massas de seus povos sempre são preteridas pela oligarquia fantoche e vivem em miséria. Quem pense o contrário que diga se o destino de R$ 5 bilhões, numa balança política, vai para o povo ou para o empresário. Resposta: a segunda opção. Em vez de se informar sobre qual produto será ou não produzido em solo boliviano, a jornalista deveria ter pesquisado as condições de vida dos bolivianos. Terceiro, a Bolívia é um país soberano, e seu povo elegeu um presidente que, legitima e legalmente, o representa. Desta forma, segundo a norma constitucional citada, deve-se respeitar e acatar a decisão do presidente da nação vizinha. E aproveitar a oportunidade para abrir uma via de integração entre os dois países, como prevê o texto constitucional, em lugar de utilizar a pesada palavra "guerra" na segunda página de um jornal de grande circulação. Clausewitz teria algumas coisas a dizer a esta jornalista... A mídia mais uma vez mostra sua face: para o empresário, as flores; para os bilhões já perdidos, silêncio; ao que resta dos índios bolivianos, guerra! |
2 de maio de 2006
Bravatas e irresponsabilidade
24 de abril de 2006
Ozymandias, de Percy Bysshe Shelley.

Conheci um viajante de um país antigo
Que disse: “Duas enormes pernas de pedra, sem tronco
Se erguem no deserto. Próximo, na areia,
Meio enterrado, uma face esfacelada, cujo cenho franzido,
E lábio enrugado, e sorriso de frio escárnio,
Atestam que seu escultor leu suas paixões
Que sobrevivem, ficando estampada naquelas coisas sem vida,
A mão que zombou delas, o coração que alimentou;
E no pedestal, surgem estas palavras:
“Meu nome é Ozymandias, rei dos reis: Olhai minhas obras,
ó Poderosos, e desesperem-se!”
Nada mais resta. Ao redor a decadência
Daquela ruína colossal, sem fim e nua
Na areia vazia e plana que se expande ao longe.
I met a traveler from an antique land
Who said: Two vast and trunkless legs of stone
Stand in the desert. Near them, on the sand,
Half sunk, a shattered visage lies, whose frown,
And wrinkled lip, and sneer of cold command,
Tell that its sculptor well those passions read,
Which yet survive, stamped on these lifeless things,
The hand that mocked them, and the heart that fed,
And on the pedestal these words appear:
"My name is Ozymandias, King of Kings:
Look upon my works, ye Mighty, and despair!"
Nothing beside remains. Round the decay
Of that colossal wreck, boundless and bare
The lone and level sands stretch far away.
11 de março de 2006
Olha a bala!
10. A metralhadora de Jesse Ventura(Sgt. Blain) em O Predador. O som desta arma e seu poder de fogo são demais.
09. A única entrada para armas "mágicas": o cajado do Gandalf, na série dos Senhor dos Anéis. Aquela cena que ele entra no salão do rei dos Rohan é demais. Como também a parte em que ele vai de encontro aos espectros frente às muralhas de Minas Tirith.
08. Os sabres-de-luz da série Guerra nas Estrelas. Por favor, esqueçam dos enlatados episódios I, II e III. Estou falando dos filmes que conheço como Star Wars, O Império Contra-ataca e O Retorno do Jedi. Em especial Alec Guiness(Obi Wan Kenobi) fazendo uso de um.
07. Aqui, uma entrada dupla, de um filme só, Exterminador do Futuro 2: a escopeta que Arnold Schwarzenegger traz em uma caixa de flores, logo no começo do filme. O arma em si é simples, mas como o velho exterminador usa ela contra o novo é demais! Dá tipo uma girada nela para colocar o próximo cartucho na agulha! A segunda aqui é o T-1000 em si, com suas lâminas. A cena da caixa de leite é também clássica. Só se escuta o "tuco!" do som da espada atravessando o gogó do infeliz pai adotivo de John O'Connor.
06. A arma que um replicante usa em Blade Runner. É um revólver com 4 canos, ou seja, quatro balas. Faz tempo que assisti, não lembro se ele usou mais de uma vez, mas a vez que lembro dele ter usado não me saí da memória. Acho que tenho que assistir este filme de novo. Foi lembrando dela nestes dias que quis fazer esta lista.
05. O taco de beisebol de Robert de Niro em Os Intocáveis. Quem assistiu o filme sabe o uso que ele deu a este taco. Muito, muito violento.
04. O tresoitão cano curto do Al Pacino, em o Poderoso Chefão. Claro que arma aparece aqui mais pelo modo como Al Pacino usa do que pelo sua peculiaridade. Ele volta com ela do banheiro, não diz uma palavra para o futuros defuntos e... bang! Na garganta do chefe de polícia McCluskey...espera um instante e bang! Lá se vai Sollozzo...
03. A arma do John Malkovic usa no filme Na linha de Fogo, com Clint Eastwood. Bacana, feita de maneira artesanal, em resina, e passa pelo detector de metais. As balas são disparadas por ligas de borracha. Trabalho fino.
02. De novo Alec Guiness e o simbolismo da espada contra o avião estampado na cena em que um aeroplano turco(ou alemão) ataca o acampamento árabe em Lawrence da Arábia. Nesta cena, Faissal tenta defen.... vou dizer não. Assistam!
01. O rifle-muleta, em O dia do Chacal, de 1973. Este filme devo ter assistido há mais de 15 anos, sendo que nunca esqueço este rifle que o Chacal cria para fazer seu serviço. Foi o primeiro pela simplicidade e como consegue ficar na minha lembrança depois de todo este tempo. Sempre que vejo lembro deste filme!
18 de fevereiro de 2006
Legio VII Gemina

Todos estes adornos lhes trouxesse porque, enquanto apreciava a ponte construída pelos romanos, que está bem próxima do local onde moro, fechei os olhos e tentei imaginar como seria a Legio VII atravessando a ponte, em formação e se dirigindo para algum sítio ao sul de Leão(pois Leão está ao norte de Salamanca). Da mesma forma, tentei imaginar como seria o exército de Aníbal acossando a cidade e seus habitantes.
Assim, continuei em minha paranóia(sendo que aí já não estava mais no meio da rua, mas sim sob meus lençóis), insisti no pensamento. Comecei com a legião romana, depois os cartagineses. Ative-me a eles, mas a vontade de começar a querer imaginar e visualizar outros momentos e batalhas começou a me tomar: Dardanelles, Termópilas, Volgogrado; em Dorylaeum, onde Saint-Gilles e Ademar de Puy socorrem a Boemundo de Taranto, enfim, perdi o controle.
Aí imaginei, totalmente em delírio, se fosse permitido a alguém(eu, claro!) atravessar os limites do tempo-espaço e presenciar, in loco, tais batalhas e momentos. Já pensou, poder se transformar em um grão de areia, provido com um par de olhos, das praias da Normandia? Ou uma árvore na batalha de Azincourt, uma rocha nas batalhas de Hattin e Mazikert, um peixe na batalha de Guadacanal, um pássaro na Batalha da Inglaterra? Participar de maneira passiva destes momentos onde tantos nomes pereceram, tanto sangue foi derramado, tantas lágrimas e suor brotaram? Ver nos olhos de um legionário, ou qualquer outro soldado de infantaria, a certeza da morte? Por estes últimos motivos, desisti da minha jornada.
São momentos como estes que exercem fascínio nas mentes daqueles que apreciam a história e, em especial, para aqueles afeitos às batalhas. E, principalmente, são em momentos como este que se percebe a importância dos líderes dos povos, suas aptidões, ou manifesta ausência. Decisões que foram tomadas por estes há séculos sob tênues luzes de fogueiras, dentro de tendas em acampamentos militares às vesperas de uma batalha, ainda exercem em nossas vidas influências imensuráveis. E hoje, em escritórios e gabinetes, em nosso mundo ocidental, os mesmos homens persistem, contudo, travam batalhas silenciosas, ocres, fétidas, nas quais não mais a existência de um povo está em jogo, mas sim, a obtenção do capital, a ganância desmesurada: o sofrimento de muitos em troca de um zero a mais. Ah! Como eu queria ser um simples legionário da Legio VII...
8 de fevereiro de 2006
Demorô, mas chegou...

Os prédios presentes na parte mais antiga da cidade são altíssimos. Ao andar pelas suas calçada, em ambos lados, vãos com menos de cinco metros de largura e paredões de quinze à trinta metros de altura lhe dão uma gostosa sensação de claustrofobia. Quanto mais perto do centro, mais altos são os prédios e mais estreitas são as ruas. Uma curiosidade: mesmo nestas ruas extremamente estreitas passam carros; assim, não podemos descuidar e sempre estar cientes disto. Imagine que, apesar de toda esta ausência de espaços o trânsito flui de maneira quase imperceptível(sim, feitores da Av. Was. Soares, engenharia de trânsito existe!) E é andando por estas ruas estreitas que se revelam duas maravilhas arquitetônicas: a Praça Maior e o conjunto das Catedrais. Para elas dedicarei postagens específicas tamanho deslumbre que elas me causam. Prometo colocar fotos, aliás, mesmo que coloque um terabyte de fotos e vídeos, jamais conseguirão sentir a opulência e imponência destas duas maravilhas. Elas me deixaram pequeno: me recordaram, in loco, que os prédios, de uma forma ou de outra, são uma impressão histórica do poder dos povos; e, assim, brasileiro, cearense e fortalezense que sou, percebi que não nos restam muitas "impressões" históricas.
5 de julho de 2005
Ueeeeeeeeeeééééééé´!
Nasceu meu blog. Tenho duas intenções com ele. Primeiro, compartilhar minha opinião com seus eventuais visitantes. Depois, ser mais um meio de comunicação para meus convivas entrar em contato comigo. O nome desta criança e seu endereço, para quem desconhece, é uma homenagem ao capo lavoro Divino que criou Paracuru. Suas dunas, praias, vegetação, fauna (a aquática tem me atraído mais ultimamente) e, principalmente, lembranças. Não há lugar hoje que melhor represente meu apego à natureza e ao meu passado. A discrição da referida natureza deixo para momentos futuros e também para aqueles que já a conhecem de maneira sóbria, sem atropelos, que através de pura contemplação conhecem aquela arte e o meu passado para memórias que ali vivi e, de forma indireta, meus antepassados por parte de mãe (calma papai, me orgulho de igual forma de minha origem "italiana" da Serra das Matas, município de Telha, sítio onde está localizada a gruta da Pigoita). Mas minhas intenções serão mutantes: ora falarei de uma aventura, ora de política ou, simplesmente, o compartilhamento de um sentimento que iria ficar perdido em minha memória e aqui será compartilhado. Assim sendo, por escassez de vontade em continuar por hoje, esta foi a apresentação de meu diário, que iria se chamar de Daily Nivas, mas evitei utilizar o “daily” por ser de origem externa. Sem maiores ambições, ei-lo.
Difícil decolagem.
Em um país repleto de limitações institucionais, recheado com uma sociedade das mais desiguais que existe sobre a face do globo terrestre,...
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Este é o nome da legião romana que fundou e ocupou a então cidade de Leão, pertinho daqui (Léon). Não por acaso o nome da cidade deriva do m...
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Novas fotos de Abu Ghraib. O fato é antigo, mas estas fotos não eram conhecidas. Somam-se às outras imagens. A hipocrisia segue na mídia. Di...
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Dai-me o que te sobra, pobre defunta. O que te resta é bem pouco, quase nada. Antes do teu derradeiro suspiro, realenta minhas memória...