26 de novembro de 2008

Schubert, Dieskau.

Franz Schubert sempre foi mais conhecido por mim por sua desgastada Ave Maria, tocada a cada fim de tarde em uma ou outra rádio de Fortaleza. Há poucos meses comprei uma breve biografia sua que acompanhava dois discos. Um deles traz uma série de lieder.

Uma destas canções é Erlkönig. Vejam na interpretação abaixo que o cantor, Dietrich Fischer-Dieskau, altera suas expressões de acordo com o personagem a que dá voz.


11 de novembro de 2008

Brasil, um país cada vez mais de todos.




O Brasil é um país melhor. Precisamos de mais otimismo baseado em realidade e não pessimismo em criações maliciosas. Nossa imprensa, de forma geral, só trás mazelas. Notícia boa sobre o Brasil? Pra que? Então quem quiser que continue pensando que vivemos em um ex-colônia, somos provincianos, atrasados e corruptos até a medula.

Mas também podem pensar que estamos vindo de um contexto histórico de grandes limites para a maior parte de nosso povo. Era(m) dois países dentro do Brasil: um com características de país africano, outro com características de um país em desenvolvimento. Agora, cada vez mais, temos um país só. Com menos desigualdades. E que com o trabalho de todos, com o pagamento de impostos em uma carga tributária das maiores do planeta, estamos conseguindo distribuir nossa renda de forma menos ruim. O PIB per capta do Brasil é de R$13.510,00. Considerado "bom", se não fosse nossa distribuição de renda. Sendo que esta, e todos estes a índices a seguir, melhoraram: PIB per capta, distribuição de renda e, também, o IDH.

IDH: A partir de 0.800 o país muda de categoria e é considerado de alto IDH. Indo até 1. (quinquenal):
2000: 0.789.
2005(último): 0.800.

O índice Geni, para distribuição de renda, do Brasil variou de (onde 1 é total falta de distribuição e 0 é distribuição completa):
1998: 0.600
2005: 0,569
2006: 0,563
2007: 0,556.

PIB per capta:
2000: R$11.880,00
2005: R$12.680,00
2007: R$13.510,00

PIB per capta(em dólar):
2000: $6.100,00
2005: $6.510,00
2007: $6.940,00

Tudo isto sem tanta corrosão da inflação:
2001 = 7,67%,
2002 = 12,53%,
2003 = 9,3%,
2004 = 7,6%,
2005 = 5,69%,
2006 = 3,14%,
2007 = 4,46%

Então, por favor, alguém poderia mostrar onde que o Brasil é esta catástrofe que todo dia querem pintar na parte comprometida da imprensa que temos, saudosos amigos?

Se estiverem com disposição/tempo abaixo tem mais notícias "ruins" sobre o Brasil:

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http://www.eclac.cl/publicaciones/xml/6/32606/LCG2356B_1.pdf

POVERTY AND INDIGENCE GAP COEFFICIENT
Brazil:
Poverty 23.5(1990), 17(1999), 14,3(2006)
Extreme poverty: 9.7, 5.3, 3.7

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Ler os reports de liberdade e liberdade de imprensa anuais de:

www.freedomhouse.org

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http://www.weforum.org/documents/gcr0809/index.html

Global competitiveness Index
Ranking:
2007-2008: 72
2008-2009: 64

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Alguém sabia que :

As a sign of the importance it attaches to UNODC's (The United Nations Office on Drugs and Crime) work, the Brazilian Government pledged $US 36 million to the UNODC/Brazil cost-sharing programme for the period 2007-2009, the largest single national or international donor pledge made to UNODC during the past decade. The Governments of Norway and Sweden also supported the UNODC programme in Brazil with funds
for major new projects.

Joint work with other United Nations agencies in Brazil remained an important part of UNODC's portfolio in 2006, especially in the fields of urban crime and violence prevention, arms-trafficking control and anti-corruption.

UNODC joined an innovative anti-corruption pact with over 400 signatory companies. Brazil's first Pact for Transparency against Corruption in the Private Sector was a joint initiative between UNODC, the Ethos Institute of Corporate Social Responsibility, UNDP and others under the umbrella of the United Nations Global Compact, the world's largest voluntary corporate citizenship initiative. A major task will be to verify the private sector's compliance with the Compact's anticorruption principles.

http://www.unodc.org/documents/about-unodc/AR06_fullreport.pdf

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Corruptioin Percept Index - Transparency International.

http://www.transparency.org/policy_research/surveys_indices/cpi/2008/faq#general1

2001. 4.0
2002. 4.0
2003. 3.9
2004. 3.9
2005. 3.7
2006. 3.3
2007. 3.5
2008. 3.5

Quanto maior, melhor.

21 de outubro de 2008

Tarde para ver os erros. Cedo para ver os resultados.




A página inicial da azul British Broadcasting Corporation em tons vermelhos equivale ao anúncio transmitido pela mesma BBC de Neville Chamberlain da entrada do Reino Unido na Segunda Guerra Mundial. A crise veio. Para ficar mais por conta de mídia mundial que por conta de sua realidade.

Seu cerne é, basicamente, uma aposta em títulos que dependiam do trabalho das classes menos abastadas da maior economia do planeta para serem honrados. A proliferação dos títulos como crédito para outros títulos em uma cadeia mundial foi como uma peste negra em versão financeira.

Warren Buffet, magnata afeito a outros tipos apostas no mercado financeiro global, afirmou recentemente que ainda não se sabe os efeitos imediatos do problema. Acredita, contudo, que seu país saíra a médio-longo prazo da "crise", o que seria, refazendo o caminho título-crédito, repor os valores, ou pelo menos suas expectativas, aos títulos das empresas norte-americanas, em especial, negociados em Wall Street. Ou seja, em sua origem, encontrar um substituto monetário para a renda, e subsequente honra, dos trabalhadores gringos que se ausentou do banquete que estes não sabiam que bancavam. Claro, são pessoas que, embora vivam na Roma do século XXI, não tinham como ter noção que de suas jornadas de trabalho dependiam o índice S&P 500 ou os fundos para a aposentadoria de um islandês em sua distante ilha. Assim, Mr. Buffet, aconselha reconstruir a casa do sonho americano... comprando ações. Tenta passar confiança para o mercado com esta atitude, mas ao mesmo tempo, essa nova capitalização dependerá, outra vez, do trabalho real de muitos. Fica claro que aquilo que sustentava o glamour da silga CEO, para não trazer outras, era mais este trabalho tradicional que a competência executiva de muitos.

Ao mesmo tempo se faz um grande tribunal mundial para julgar quais líderes estão sobressaíndo-se dos pretensos tijolos ruídos. Gordon Brown, que antes da crise estava com um nó na garganta por recente derrota eleitoral do seu partido laborista, é afanado pelo atual Nobel de Economia, como alguém que reagiu rápido e, além de tudo, soube como reagir. O próprio Nicolas Sarkozy também goza de louros por suas atitudes até agora. Do outro lado, G. W. Bush, em companhia de Ben Bernanke, presidente da Reserva Federal, e Henry M. Paulson, Jr, secretario de tesouro, realiza esperneios tardios para não sair, mais uma vez, mal na fita. Bush filho conseguiu ser negativo em toda esfera relevante possível: interna-externa, riqueza-pobreza, diplomacia-conflito, urgência-tranquilidade. Um desastre de governo, que tem em Richard Cheaney seu real operador. Torres Gêmeas, Katrina, Iraque, Afeganistão, Fannie Mae, Freddie Mac, Goldman Sachs, Halliburton, Lehman Brothers, Osama e Obama são palavras que representam o porquê deste homem ter o olvido como futuro irmão.

Para o mês de Novembro, Nicolás Sarkozy, presidente do Conselho Europeu, cargo com rotatividade de 4 anos, semea uma reunião que será realizada entre o G-7, mais Brasil, Índia, China, México, África do Sul e Rússia. Sete mais seis, 13. Treze governantes que, sob os olhares de supervisão do capital, irão decidir como seus governos, leia-se tesouro, devem recompor de maneira pública uma má gestão privada. Repor as perdas de afamados CEO´s através de dinheiro público. Uma relação impensada anos atrás: o capital financeiro buscar nos cofres públicos a honradez de seus dividendos.

Este é um dos maiores paradoxos do capitalismo baseado no laissez-faire: para sobreviver, uma vez mais, precisa de um estado de não inércia do dinheiro público. Uma doutrina que reza pela não intervenção, com especial crítica a intervenção social, dependerá da abdução de trilhões de dólares de dinheiro público para sua sobrevida. Toda a exuberância, ganância, vaidade, egoísmo, faustosidade e exagero serão postos em um balão de oxigênio às expensas de quem não saiu de casa para ver as corridas de cavalo: quem não apostou terá que pagar a conta no cassino de Wall Street. Não foi um problema gerado por atitudes de um governo, mas sim, por excesso ousadia baseada em testosterona especulativa: auto-confiança fundada em balances de saúde financeira feitas por... empresas com seus títulos negociados na bolsa! Onde estão as Big Five neste vendaval? Arthur Andersen (R.I.P 2002) , Pricewaterhouse Coopers, Deloitte & Touche, KPMG e Ernst & Young? Irão refundar conceitos de gerenciamento e consultoria financeira? Que neologismos os bispos do mundo financeiro incorporarão em seus portfolios?

Quando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas desmoronou de vez - bem dizer, ontem- havia uma constante voz que o gigante teria sido vencido pela inevetabilidade de cair no contexto do livre mercado. Imagens de filas frente à loja do McDonalds se formaram em Moscou e foram transmitidas em tubos de TV mundo afora. Agora, que o colapso é da própria estrutura "vencedora", quem socorre esta? Os estados. Quando o bloco ruiu os vencedores saíram vomitando liberalismo nos quatro continentes. Agora estão às sombras esperando o remendo: lucros para poucos, prejuízos para muitos.

Em tempos que as riquezas mundiais estão registradas em disco-duros de computadores a confiança necessária para que o sistema se mantivesse era essencial. O tamanho do desmoronamento e sua velocidade exterioriza a fragilidade de seu substrato. Terá que se repensar os que estes meninos estiveram fazendo com seus brinquedos; sucatear a vida de milhões de pessoas criou a oportunidade inadiável de extrair deste modelo econômico de gestar recursos finitos suas incongruências e ineqüidades.

O liberalismo não pode ser mais alçado com escudo a fim de defender as diferenças nos estratos das sociedades e entre os países. Estes são os últimos momentos em que sua doutrina terá sido aceita. O crepúsculo de um sistema de idéias, como tantas outras que lhe precederam. Se aqueles que defendiam que o homem deveria através de, exclusivamente, suas atitudes sair de determinada condição sócio-economia desfavorável, desde então não se poderá permitir que o socorro só passe a existir quando as ineqüidades e ineficiências lhes atinjam.

Distante de saber o nome que levará a criança doravante, mais importante é que o novo sistema seja pro-ativo para sanar as diferenças sociais e, no fim, exista uma grande classe como motor da sociedade. Não mais um enxame de pobres governado e gestionado por um punhado de superegos. Pobres que não estão em crise, pois incubir-lhes culpa parece impossível. A crise existente está no cume da pirâmide. Resta esperar quem serão os equivalente de Winston Churchill, Richard Atlee, Franklin D. Roosvelt e Harry Truman para os postos de timoneiros. Em torno de um nome se cria grandes expectativas: Barack Obama.

17 de outubro de 2008

Divisão da Alegria - Desordem.

2001 - Uma Odisséia no Espaço - A derradeira Odisséia do homem. Um esboço.

Em seus primeiros instantes o filme já revela como será o estilo seguido: ascético e minimalista. Na alvorada do homem, Kubrick e Clark sugerem o abandono do sujeito do meio-ambiente, tão parelhos com as antas, para o meio-ambiente do sujeito. A partir do momento em que a criatura encontra um elemento do próprio habitat para alterar sua realidade e a daqueles com quem a divide: primeiro as antas, depois seus rivais e semelhantes.
Desta alvorada temperada com a retumbância de "Also Sprach Zaraustra", Kubrick e Clark trazem uma harmonia homem-meio simbolizada pelo "Danúbio Azul". O silêncio e a melancolia da África oriental são substituídos, salvo a decolagem da humanidade representada pelo osso, pela valsa das últimas ferramentas criadas pelo homem numa linha de evolução também dependente do trabalho e criatividade daqueles. O que começou com um osso terminou na estação espacial, que por sua vez, está incompleta, sugerindo, pois, que a evolução da criação humana sigue limitada.
Esta pista fica mais clara no não domínio da elementar força da gravidade. Caneta e aero-moça estão sujeitas ao mesmo poder natural e o pretenso homem-superdesenvolvido não terminou de dominar por completo este poder fundamental do seu meio.
Eis que então surge outra vez o obelisco negro. Da África pré-histórica para a superfície lunar. Do nascimento da derradeira evolução do planeta ao creprúsculo de si mesma. Pois o osso passará, em breve, a ter vontade própria, vontade que, in extremis, não mais precisará da mão do homem para matar. O que o faz, com Frank e com os três outros viajantes. O controle, assim como na pré-história, deixou de existir. A desordem voltou a estar presente; não por uma força ainda sem absoluto domínio, mas por uma criação humana: o homem vira Deus; a ferramenta vira homem.
O criador perde controle sobre a criatura. HAL 9000 abre uma nova eera na evolução da consciência. Uma nova era de criação e evolução de valores: a missão é mais importante que a vida humana; mais importante que seu criador. Por fim, como um primata que não tem domínio satisfatório de sua recém descoberta (como o bater do osso na areia), o super-computador falha, assim como em seu momento, falhou seu criador. Deixa de ser máquina e passa a um nível da evolução antes restrito ao seu mestre: "errar é humano". A falha de HAL 9000 demonstra que não mais.
Diferente da primeira dupla criador-criatura, este mais novo criador pode sim extinguir sua obra. A interação deixará de existir quando a consciência do homem resolve destruir a consciência de sua criação. Aquilo que o homem só conhece em teoria, o apocalipse, a máquina recebe em seu nascimento.
Que nova evolução traz a terceira aparição do monolito? Que momento mais próximo do desconhecido que os anteriores será este?
Após a morte da máquina, o homem revisa seus conceitos e sua escala tempo-espaço: poucos segundos e metros quadrados são sua vida. O todo-poderoso volta a ser nada frente a sua também finitude. O apocalipse do homem existe, mas não é aparente. Cada um terá o seu.
Aqui a última sugestão presente nesta obra de quase 40 anos: uma nova forma de existência é revelada. O ser que antes nascia quase cego vem ao mundo com os olhos bem abertos. Se o canto dos cisnes de Kubrick é "De olhos bem fechados", os olhos arregalados de Dave nos fazem crer que desde este primeiro momento aquela nova criatura poderá influenciar a vida de todas aquelas antas-humanas que habitam o planeta azul. Saí o osso, o exterior; entram elementos presentes no homem, mas que na marcha frenética, iniciada há milhões de anos atrás, não haviam sido desvelados.
Estão disponíveis os elementos necessário para sua transformação no criador derradeiro. Estes elementos não passam mais por ferramentas. O homem-astro depende de si mesmo. De sua capacidade de não utilizar o osso e ser, em si, a ferramenta final.

29 de setembro de 2008

Diálogos.

Blog: Por que me abandonaste?

Blogger: Não te abandonei, apenas deixei de escrever por um tempo! Tirei férias e você foi incluído!

Blog: Mas nunca de verdade me levaste a sério, assim que tuas férias de mim são eternas!
Sempre buscas outras páginas, inclusive outros blogues, mas a mim não faz caso. Por que não termina com minha existência, tão molesta a ti, de uma vez?

Blogger: Ué?! Por acaso as outras páginas sou eu que faço, como eu faço a ti?! Claro que não, deixe de zécentrismo que já voltarei a postar por aqui e te sentiras mais vivo. É que as vezes é complicado demais expor idéias por aqui sem que seja necessário um grande aprofundamento, sabe? Então tens calma que vou voltar!

Blog: Camarada, tantos assuntos que podem ser postos aqui, mesmo de forma superficial, já me rejuveneceria a epiderme! Não teríamos esta infame data 04 de julho como última postagem! Pela Santa Breguelina, me tira deste poço de ausência de post, pois daqui só se vê blogues abandonados e sem vida!

Blogger: Veja só, este mesmo diálogo já é uma demonstração de que tens vida, que não haverás definhado. Que pulsam teus bits nos servidores do deus de nossos dias, o Google. Se ao mesmo tempo que deciframos o genoma humano foi criado outro genoma, o do Google, agora tu faz parte deste genoma em bits que um dia será também decifrado e revelado. Eu, por outra parte, estou prisioneiro de um genoma já explícito. Minha existência sim terá um fim material. De formas como a tua, minha outra existência dependerá. Mas tu não, de alguma forma, já eres eterno. Um dentre muitos dentro, bem verdade, mas eterno!

Blog: De que adianta esta minha pretensa eternidade se aqui nada buscarão!? Nenhum arqueólogo eletrônico do futuro passará por aqui, salvo para um número estatístico. Minha eternidade será como a tua: no olvido. Se quereis que seja lembrado em algum sourcecode no futuro, preseva uma frequência mínima de posts!

continua...

3 de julho de 2008

O amor vai nos dilacerar.

A melhor faixa do Joy Division.

Love Will Tear Us Apart (Tradução)

Joy Division

Composição: Indisponível

O Amor Vai Nos Dilacerar

Quando a rotina corrói forte
E as ambições são pequenas
E o ressentimento voa alto
Mas as emoções não crescerão
E vamos mudando nossos meios
Pegando estradas diferentes

Então o amor
O amor vai nos separar
De novo
O amor
O amor vai nos separar
De novo

Por que esse quarto é tão frio?
Você virado de costas do seu lado
É o meu tempo que falhou?
Nosso respeito murchou tanto?
Mas ainda há esta atração
Que mantivemos em nossas vidas

Então o amor
O amor vai nos separar
De novo
O amor
O amor vai nos separar
De novo

Você grita durante seu sono
Todos os meus fracassos expostos
E há um gosto na minha boca
Enquanto o desespero toma conta
Será que algo tão bom
Simplesmente não funciona mais?

Então o amor
O amor vai nos separar
De novo
O amor
O amor vai nos separar
De novo

Difícil decolagem.

Em um país repleto de limitações institucionais, recheado com uma sociedade das mais desiguais que existe sobre a face do globo terrestre,...