19 de janeiro de 2009

Errantes.

Prezados, este texto escrevi em Novembro de 2006. Estava salvo na página do blogue como rascunho desde então. Longe de saber qual sua conclusão, compartilho sem remendos. Qualquer comentário, por mais curto que seja, por favor, façam.

Nômades, os das primeiras exposições de história e vida social, foram e são. Em sua concepção clássica, aquela que se projeta na mente, se vê um grupo de homens, mulheres, crianças e idosos, em marcha. Ou estabelecido em uma aldeia rústica, de transparente caráter provisional. Alicerce frágil: estrutura débil, vacilante. Ontem, hoje e amanhã se confundem. Para eles, a falta de aprofundamento de suas fincas deriva do mesmo aspecto sazonal. Uma vez exauridos os recursos disponíveis (minerias, de fauna e flora), o agrupamento busca novos mananciais para suas necessiades.

O conhecimento adquirido - ou pela vigente geração, ou por passadas gerações através dos possíveis meios de cultura - será o guia para o líder da algomeração. Na confiança depositada nele, a massa segue o passo e confia. Através de tais conhecimentos o norte estará na mente do líder. A missão: encontrar um novo e exuberante sítio para estabelecimento e satisfação da turba. Caso contrário, a confiaça depositada ruge ou ruirá. A dinâmica social depende destas duas vias: a possibilidade da cabeça satisfazer o corpo e este garantir a continuidade do condutor. Rompida uma das vias, independente da direção, o ser social formado enfraquecerá, podendo até desaparecer. Pois outras cabeças e corpos anseiam e buscam novas interações e experiências. Todo com o mesmo propósito: a busca de novos mananciais e todo processo decorrente e acima exposto.

Aumentada a aglomeração, os segmentos decorrentes do inchaço ganham complexidade. O que antes tinha apenas duas vias, pode, então, encontrar no infinito a satisfação do prover e necessitar. Indiferente não é o aumento de complexidade e número para os condutores. Deles, não mais dele, se espera o exemplo, símbolo e baluarte. Como os frutos gerados aumentam, a ganância, latente fraqueza humana, brota e infecta. Para cada grupo social no comando, haverá um sem-número à infiltrar as relações e decorrentes estruturas.

O tempo transcorrido do empossamento, do atual, até o presente deveria ter trazido diferentes frutos para esta turba de cerca de 200 milhões. Vindo e reconhecido como do proletariado, Ele deveria ter agido de outra forma frente ao corpo que lhe deu, através do sufrágio, o poder de conduzir. E por que não agiu?

Por que ao encontrar a "Herança Maldita" não à entregou para um arauto fazer sua dissecação? Por que não enfrentou antigas e enraizadas chagas com o poder carismático, legal e legitimamente confiado? Por que não tangeu os seus para dentro dos currais os quais deveríam ter permanecido? Por que aceitou em sua turba rezes de outras origens? Por que conversou com quem antes lhe desejava o gládio? Por que atribuiu competências para incompetentes? Por que competenes ficaram sem competências? Por que falou? Por que deixou de falar? Por que, já que gosta tanto de futebol, ao ter a bola na marca do pênalti, recuou a dita para o goleiro? Por que, tendo a chave, se não a morça, não rompeu grilhões de seus semelhantes com a capacidade política que tinha? Por que, nas falhas de seus tribunos, não cometeu parricídio? Por que permitiu o patricídio? Por que deixou suas mulheres irem? Por que não educou? Por que não chorou? Chorar não seria de todo ruim. Por que não foi exemplo, símbolo e baluarte? Por que permitiu desvios do seu próprio sangue? Por que não deu sangue? Ficaria faltando só o suor. E, enfim, por que não convence que os outros 20 porquês são indevidos.

Não se busca aqui apresentar resposta, nem insinuar veracidade ou falsidade para as indagações. Mas são perguntas, aqui com limite, que teríam muitas para se acrescentar. Tampouco, não é possível negar que há um universo infinito de porquês para seus antecessores. De diferente forma não é para as segmentadas unidades da federação. Por suposto, de seus atuais e passados condutores.

O porquê que fica, persiste, martela, dobra, retumba, ressoa, perfura, esfacela, estripa é: por que todos se mostram iguais? Não foram poucas as oportunidades dadas pela turba para que se criasse um estadista para aquela. Mas não. Nenhum exemlpo para seguir e ensinar em cadeiras de ciência política, aulas de deontologia, conversas em mesas de bar; nos ares de São Paulo, Berkley, Londres, Tóquio, ou qualquer povoamento que se crie nos próximos mil anos. Nenhum Hamilton, Madison, Franklin, Washington, Clynton, Churchil, Augusto, Saladino, Lawrence. Quase nada, quase estéril. É como se não tivessem existido.

Os manaciais não devem servir ao líder da comunidade. Pelo contrário, deve ser buscado, gerenciado e cultivado para que todos usufruam, na medida de seus esforços e possiblidades. A ganância deve ser posta de lado. Ver que o acúmulo material significará escassez de condições mínimas para muitos. Ao realizar isto, de plena vontade, o homem se distancia daquilo que também lhe faz diferente dos demais animais: a capacidade de fazer o bem indistintamente para seu semelhante, sem insitintos, sem código genético ou comportamentos prévios que lhe guie. Fazer o bem para o semelhante pelo simples fato de ter a capacidade de escolha. De ter recebido tal capacidade, seja pela evolução, seja pela religião.

É um infortúnio da comunidade que a capacidade de escolha de seu condutor e o efeito gerado estejam separados por distâncias imensas. Deveras, efeitos se passam, vidas se vão e nada se conhece. Quantos Zés, Joaquins, Pedros, Marias, Graças, Flávias, pereceram pela escolha errada feita de alguém alhures que nunca conheceram. Quantos Ludovicos, Cristovãos, Sebastiões, Joãos, Wagners, Bernardos jazem no ressequido solo do Nordeste, sem nunca terem recebido um nome, muito menos uma vida digna, por luxos inominados. Nestes séculos, homens com Ele, poderiam ter criado uma verdadeira nação. Não no sentido beligerante, destrutivo. Mas uma nação heterogênea na origem, homogênea no fim comum. Que a capacidade de escolha e ações elegidas por seus condutores gerem efeitos construtivos, perenes e pronunciáveis na luz do dia. Que tais ações amaciem a pluma do travesseiro daqueles que têm o poder de escolher o norte para a comunidade. Uma cadeia mínima de escolha certa de ações teria gerado um hoje diferente.
Continua...

2 comentários:

Luciano disse...

Nivas,.. neste fim de semana que passou estava conversando com amigos sobre tema semelhante e a conclusão é muito simples...
Cada povo tem o líder que merece ( não é ao contrário )

Guarde seu texto... republique daqui a 20 anos. Ainda estará atual

A 20 anos atrás estava.. hoje está e daqui a 20 anos estará.

Acho que a esperança e a confiança nas pessoas desaparecem como os cabelos pretos.

Abs

Henrique disse...

Não sei, acho que eles têm medo de fazer diferente, não conseguirem, e ficarem marcados na História pelo fracasso. Parecido com o que aconteceu com a Maria Luíza. De admirar a coragem dela, mas ao nao se juntar aos antigos, entrou pra história do jeito que entrou. Abçs!

Difícil decolagem.

Em um país repleto de limitações institucionais, recheado com uma sociedade das mais desiguais que existe sobre a face do globo terrestre,...