16 de maio de 2007

Visita do papa.


Ouvi dizer de ouvir falar que o papa fez andanças pelo Brasil. Saiu dali, foi para acolá, só não passou por aqui. Deixou de falar o que tinha pra falar e falou o que não tinha. Pelo menos esta era minha primeira opinião quando ainda frescas suas palavras. Mas assentada a poeira e analisando com calma... Bom, meu novo julgo ficará para uma próxima, ou mais provável, para as mesas de bares. Enfim, da realidade paro por aqui, mas fiquei pensando em uma ficção: e se estivesse a oportunidade de encontrá-Lhe, o que iria pedir ao homem do anel do Pescador?

Bom não demorei muito a fazer mais uma viagem. Foi compacta e hilária. Imaginei se tal ventura ocorresse iria direto ao assunto. Sem discutir aquilo já aberto em seus discursos, ia fazer um pedido, sem delongas e senões. Chegaria e falava: "-Vossa Santidade, Eminência, Excelência, Autarquia imaculada, San Peter's Chair Man, Herr Ratzinger, Pastor Pastorum...(a embromação termina aqui), seria possível elaborar e assinar em meu favor uma bula? É, uma bula com Vossa firma, mas o conteúdo eu sugiro. Ela deve ter duas natureza, uma material outra espiritual. A material Você me concede uma quantidade de recursos suficiente para montar-me uma organização militar, de assassinos, para encurtar a conversa, capazes de enfrentar os desafios de logística e combate de nossos dias. Nada de cavalos e catapultas, vamos precisar de tudo do bom e do melhor, mas como vamos começar pelo Brasil, não vai precisar de muita coisa não, aqui o estoque é grande, só tem que pedir as pessoas certas, creia-me.

Se ele esboçar alguma reação de consentimento ou interesse eu continuaria:

- Entendeu? É só um início e não quero começar com nada grande, teria que fazer umas intervenções pontuais, depois acho que as massas nos respaldariam, orando em favor das prescrições contidas na bula, que depois a gente escolhe o nome com mais calma. Se até aqui ele continuasse de ouvidos para meu lado, eu passaria abreviadamente para a parte espiritual, a parte mais necessária de tarefa:

- Com estes recursos, que Você pode conseguir vendendo uma ou outra propriedade destas bandas, eu iria à caça de infiéis. Não me venha dizer que não posso fazer isto, pois sangue é o que não falta nas mãos de seus antepassados, não me reprove quanto a isto! Deixa eu chegar até o fim! - acho que aqui teria que amarrá-lo na cadeira ou pisar sobre sua capa branca para que ficasse sentado e a escutar.

- Preciso que consiga uma maneira de me revelar dentre Seus auto-proclamados seguidores, nascidos em terras de Tupã, os que pedem perdão dos deslizes terrenos da forma receitada por Sua doutrina e logo deixam dentro dos templos do Senhor toda e qualquer vontade de não cometer pecados, ao contrário, saem com a certeza de receber perdão dos novos pecados daqui 7 dias! É que acho que eles aproveitam do paradoxo: seguir dez regras, mas uma grande exceção para todas as dez, e assim esta gente tem atenção as dez regras, mas também usa e abusa da exceção, e assim segue a vida nestas paragens. Por isto Lhe sugiro: coloque na bula que devemos, meus assassinos, buscar aqueles que pregam e não praticam, acreditam no firmamento Divino, mas praticam o inferno para seus semelhantes, este tipo de gente o Senhor deve conhecer melhor que eu, até igrejas eles são capazes de erigir; enfim, quero que busque uma maneira de, pode ser até com meios sobrenaturais, destacar esta gente do resto, algo além do adjetivo corrupto. Já pensou em fazer brilhar uma vela acesa sobre a cabeça de cada um destes? Ia ter luz no Brasil para ofuscar o Sol, e olha que falamos do Brasil!

Agora teria um o derradeiro problema, e eu seguiria:

- A sua bula tem que abrir uma exceção, pois já imaginou se aparece uma vela acesa, por exemplo, na minha cabeça? Como tocar a empreitada para frente? Como executar a bula se tiver uma chama no meu cocuruto? Assim...er...er... entendeu, vai que aparece, coisa do Demo, sabe? Ou seja, tem que abrir uma exceção aqui também, tá certo? Seria constrangedor tanta vela acesa e sem ninguém para apagar, né? E aconselho pedir para seus representantes ficarem escondidos, para evitar um ou outro constrangimento, entende? Daí, para que possamos dormir um dia, afinal, terá que por um termo a estes efeitos luminosos. Neste dia, melhor, um dia depois do prazo, Você aparece por aqui para que possamos fazer o saldo. Acredito que sobrará muita gente, Senhor papa, mas pelo menos dias tão iluminados como estes o Brasil nunca mais terá. Pode ser ou tá difícil? Minha caneta ou a sua?

Assim terminaria o tête-à-tête com Ele. Se saísse com a bula assinada, colocava para tocar a Cavalgada da Valquírias e meus feitos fariam Lampião parecer santo, um companheiro para Frei Galvão. Se saísse sem nada, não teria problema: continuávamos a viver em nosso maravilhoso país, criticando todos, menos nós mesmos, assim como eu. ;)

Difícil decolagem.

Em um país repleto de limitações institucionais, recheado com uma sociedade das mais desiguais que existe sobre a face do globo terrestre,...