1 de novembro de 2006

Definitiva.

Uma parcela da imprensa do Brasil não é mais a mesma. Terá que descer do púlpito e fazer jornalismo. Assim como toda categoria profissional deste país tem compromisso com sua profissão, esta importante parcela da imprensa deve ser um exemplo para as demais. Seu comportamento gera efeitos difusos que danam a democracia que tenta se instalar no Brasil há décadas. Um viés crítico deve existir e permancer, mas através de exposições fundadas. Um casamento com os valores e condições inerentes ao jornalismo que permita emergir um mínimo de veracidade em determinadas matérias jornalísticas. Reportagens com dignidade, sem golpismo, sem ofensas desmedidas, sem xingamentos às instituições da República, que reverbam e enfraquecem a Constituição e o Estado, e, mais do que tudo, sem desrespeito à inteligência de seus destinatários.

É chegada a hora. Antes de todos, a imprensa deve ser o carro abre-alas, passar pelos paralelepípedos de cada cidade brasileira com sua fronte aberta e vulnerável; demonstrando que não está sob uma estufa de vidraças finas. Mas fincada e protegida por um padrão de qualidade jornalística além de certificados e afins. Um padrão que saía em suas reportagens diárias e que na primeira luz do dia pululam os lares do Brasil. Não mais apenas através do antigo par papel e tubo de raios catódicos. Também através dos novos meios. Exemplo daqueles é permanência do Radio Ga-ga, que não morreu, tampouco perdeu sua glória e se fortalece através das rádios comunitárias. Destes, a internet, que catalisa o processo: a informação perdeu seus habituais donos no Brasil.

Determinante do destino de guerras por toda a história, o fato de deter ou não informações afeta desde a mais isolada aldeia de índios a maior metropole no território brasileiro. E principalmente aí é que os efeitos da presente libertação são sentidos e disseminados. As grandes cidades, as metrópoles, friccionam suas massas, atráves dos referidos meios que libertam a informação e destroem o frágil castelo de cartas. Se espalha na boca miúda aquilo que ao falso jornalismo desinteressa sair para o público.

Um efeito notável é a diminuição da barreira moral existente no momento de expressar uma opinião diversa daquela apresentada em uma matéria feita por um jornalista sem compromisso profissional. Em especial, quando coincide a existência de altos interesses em sua aparente veracidade. Discutir fatos e idéias não oferecidos pelos estabelecimentos que ocupavam o púlpito. E, mais além, depurar e extrair daqueles fatos e idéias oferecidos pelo establishment o quê antes não se percebia e, então, a apoteose: criar opiniões distintas, discordar, colidir. E a repetição deste processo em um ritmo mais frenético e frequente gerou a definitiva erosão. Resultado: uma considerável parte do povo exibe seus triunfos e diz: "- Veja César! O império não é apenas seu! Sua Roma cai. A cidade antiga que você pretendia que durasse eras, rui." A jovem democracia brasileira trêmula menos e aparenta consolidar firmeza e esta geração é cúmplice de seu destino.

http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=12733

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