24 de novembro de 2006

Exemplo.

Escrevi o post Definitiva, que está logo abaixo, fazendo crítica a categoria dos jornalistas, determinados e conhecidos nomes por certo, da mídia nacional. Agora, tenho que fazer uma crítica a categoria profissional que pertenço. Fiquei triste e envergonhado com os fatos acontecidos nas eleições para a OAB-CE. Estou a uma distância tremenda do Náutico, local onde foi realizado o pleito. Tomei conhecimento da notícia através de uma ex-aluna da Unifor, por um correio eletrônico, um dia depois do ocorrido. Logo, busquei outras fontes para tentar por clareza naquilo que estava ausente. Daí, veio a tristeza. Saber que parte de nossa classe profissional sofreu, ou cometeu, agressão física.
Já não somos um país que nascido ontem, não somos selvagens, somos donos de um mínimo de cultura de convivência, donos de uma bagagem de civilização. Já não precisamos assassinar uns aos outros para extinguir uma oposição política. Enfim, nossa sociedade já detém um conjunto de diversos fatores que está dentro de um padrão aceitável. Assumido isto, nós que formamos a OAB-CE temos origem neste universo. Daí, essa ordem profissional deve ser exemplo por meio de seus preceitos, tal qual seu Estatuto. A arma que um advogado deve bradar é sua oratória. Se não tiver esta virtude ciceroniana, que tenha a virtude da palavra escrita: quando cerrar o punho que seja para pegar sua pena. Se lhe faltar ambas virtudes, a sua atitude profissional ofusca, oxalá com maior eficácia, as anteriores. Agora, o que um advogado não pode é partir para agressão física, pior ainda quando sabe ser sua vítima outro advogado; muito menos, permitir que pessoa sob sua responsabilidade cometa agressão contra outro advogado.
A OAB-CE teve em sua história advogados que foram exemplo de civilidade e honradez profissional. A OAB-CE tem, agora conjugo no presente, advogados que me orgulharei, pelo que tenho de vida pela frente, do fato de compartilhar com eles o mesmo epíteto. Para mim, advogado e professor são instituições sagradas para qualquer país que tenha pretensão de civilização. Por estes motivos, alguns cegos não vêem que a ausência de vocação não é motivo para perder a urbanidade. Ademais, deveriam respeitar a memória daqueles que se foram e nada podem fazer contra este tipo de destempero na aglomeração que pertenceram. No outro extremo, pior ainda: que infelicidade devem ter sofrido os neófitos que estiveram no Náutico e viram o infortúnio? Quantas dúvidas ressoaram, ou ressoam, nas mentes destes jovens advogados ao presenciar seus presumidos exemplos de profissão trocando aptidões do pugilismo?
Enfim, minha infinita tristeza está além da capacidade de minha limitada retórica. Para os meus verdadeiros afins, rogo que levem ainda mais respeito para nossa Ordem. Levem o máximo de compromisso dentro suas capacidades para prostrar o miúdo exemplo de advogado que alguns insistem em dar. Para as pessoas que não fazem parte de Ordem, rogo vosso perdão.

18 de novembro de 2006

Lapidar Neruda.




Amazonas, in Canto General.

Amazonas,
capital de las sílabas del agua,
padre patriarca, eres
la eternidad secreta
de las fecundaciones,
te caen ríos como aves, te cubren
los pistullos color de incendio,
los grandes troncos muertos te pueblan de perfume,
la luna no te puede vigilar ni medirte,
Eres cargado con esperma verde
como un árbol nupcial, eres plateado
por la primavera selvaje,
eres enrojecido de maderas,
azul entre la luna de las piedras,
vestido de vapor ferruginoso,
lento como un camino de planeta.

17 de novembro de 2006

Mais um.

Não se acabam. Continuam. Além dos crimes de seqüestro em si, o destino do dinheiro pago nos regastes preocupa, pois fácil pensar que será usado para financiar mais operações do crime organizado. Já foram 17 seqüestros este ano no Ceará. A bola da vez é um advogado. É mais uma falência dos órgãos do Estado do Ceará.


1 de novembro de 2006

Definitiva.

Uma parcela da imprensa do Brasil não é mais a mesma. Terá que descer do púlpito e fazer jornalismo. Assim como toda categoria profissional deste país tem compromisso com sua profissão, esta importante parcela da imprensa deve ser um exemplo para as demais. Seu comportamento gera efeitos difusos que danam a democracia que tenta se instalar no Brasil há décadas. Um viés crítico deve existir e permancer, mas através de exposições fundadas. Um casamento com os valores e condições inerentes ao jornalismo que permita emergir um mínimo de veracidade em determinadas matérias jornalísticas. Reportagens com dignidade, sem golpismo, sem ofensas desmedidas, sem xingamentos às instituições da República, que reverbam e enfraquecem a Constituição e o Estado, e, mais do que tudo, sem desrespeito à inteligência de seus destinatários.

É chegada a hora. Antes de todos, a imprensa deve ser o carro abre-alas, passar pelos paralelepípedos de cada cidade brasileira com sua fronte aberta e vulnerável; demonstrando que não está sob uma estufa de vidraças finas. Mas fincada e protegida por um padrão de qualidade jornalística além de certificados e afins. Um padrão que saía em suas reportagens diárias e que na primeira luz do dia pululam os lares do Brasil. Não mais apenas através do antigo par papel e tubo de raios catódicos. Também através dos novos meios. Exemplo daqueles é permanência do Radio Ga-ga, que não morreu, tampouco perdeu sua glória e se fortalece através das rádios comunitárias. Destes, a internet, que catalisa o processo: a informação perdeu seus habituais donos no Brasil.

Determinante do destino de guerras por toda a história, o fato de deter ou não informações afeta desde a mais isolada aldeia de índios a maior metropole no território brasileiro. E principalmente aí é que os efeitos da presente libertação são sentidos e disseminados. As grandes cidades, as metrópoles, friccionam suas massas, atráves dos referidos meios que libertam a informação e destroem o frágil castelo de cartas. Se espalha na boca miúda aquilo que ao falso jornalismo desinteressa sair para o público.

Um efeito notável é a diminuição da barreira moral existente no momento de expressar uma opinião diversa daquela apresentada em uma matéria feita por um jornalista sem compromisso profissional. Em especial, quando coincide a existência de altos interesses em sua aparente veracidade. Discutir fatos e idéias não oferecidos pelos estabelecimentos que ocupavam o púlpito. E, mais além, depurar e extrair daqueles fatos e idéias oferecidos pelo establishment o quê antes não se percebia e, então, a apoteose: criar opiniões distintas, discordar, colidir. E a repetição deste processo em um ritmo mais frenético e frequente gerou a definitiva erosão. Resultado: uma considerável parte do povo exibe seus triunfos e diz: "- Veja César! O império não é apenas seu! Sua Roma cai. A cidade antiga que você pretendia que durasse eras, rui." A jovem democracia brasileira trêmula menos e aparenta consolidar firmeza e esta geração é cúmplice de seu destino.

http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=12733

Difícil decolagem.

Em um país repleto de limitações institucionais, recheado com uma sociedade das mais desiguais que existe sobre a face do globo terrestre,...